Localizada em uma colina em Mauer, nos arredores de Viena, a Igreja de Wotruba foi o ponto alto da carreira do escultor Fritz Wotruba (o arquiteto do projeto, Fritz G. Mayr, é muitas vezes esquecido). Construída em meados da década de 1970, Mayr completou o projeto um ano após a morte de Wotruba, ampliando o modelo de argila do artista para criar uma escultura de concreto. Como pode ser visto nessas imagens por Denis Esakov, o resultado é um conjunto brutalista caótico que brinca com os limites entre arte e arquitetura.
Nascido em 1907, Wotruba foi o mais novo de oito em uma casa abusiva. A arte tornou-se sua fuga psicológica e, durante a Segunda Guerra Mundial, Wotruba fez sua fuga literal da Áustria para a Suíça. Depois de fugir da guerra, Wotruba sonhava com uma escultura "em perfeita unidade com a paisagem, a arquitetura e a cidade".
Como um dos mais famosos escultores austríacos do século XX, Wotruba foi convidado por Dra. Margarethe Ottillinger a projetar uma igreja surpreendente no terreno de um antigo quartel nazista. Ottillinger queria fazer uma declaração religiosa e artística arrojada durante um tempo em que muitos europeus estavam perdendo a fé em Deus.
A Igreja de Wotruba é um excelente exemplo de como a abordagem artística pode mudar a prática e o produto arquitetônico. A igreja foi projetada antes que o lote fosse escolhido. No entanto, a igreja tem uma vista dominante de Viena e implanta-se em poderoso contraste com o seu ambiente sereno. Além disso, Wotruba buscou inspiração na Catedral gótica francesa de Chartres, mesmo que a obra brutalista da Igreja de Wotruba transmita valores muito distintos.
A forma do projeto não tem uma simetria óbvia ou organização clara. 152 blocos de concreto, variando de 0,84 a 64 metros cúbicos e de 1,8 a 141 toneladas, são dispostos de maneira aleatória, caótica e abstrata, dando poucas pistas sobre a fachada frontal verdadeira da igreja. As janelas simples são o principal indicador do que acontece onde; permitindo que a luz natural crie padrões variados dentro das paredes do bloco de concreto da igreja.
"Se essa construção for concretizada, será uma de grande dinâmica e drama", afirmou Wotruba, sobre projeto de sua igreja. "O caos aparente que surge do arranjo de blocos assimétricos deve resultar em uma unidade harmônica". Um ano após a morte de Wotruba em 1975, o arquiteto Fritz G. Mayr vistoriou a construção do prédio até a conclusão.
A Igreja de Wotruba é um exemplo das muitas possibilidades de colaboração entre artistas e arquitetos. Com ela em mente, podemos começar a considerar como uma abordagem artística pode mudar a arquitetura; quando mentes criativas e racionais trabalham juntas, o resultado pode ser bonito e funcional.
Publicado originalmente em 15 de fevereiro de 2018.